dezembro 22, 2015

Eu sou Malala


Como contei no post anterior, comprei o livro de Malala Yousafzai.
Li em pouquinhos dias.
 
Se trata da história de Malala, uma menina que se destacou no seu país (Paquistão) por falar, junto com seu pai, em defesa da educação para as meninas no seu país.
Em consequência de seu ativismo, foi baleada na cabeça pelo Talibã aos 15 anos.
Aos 17, recebeu o Prêmio Nobel da Paz.
 
O livro é narrado por ela em parceria com uma jornalista. Porém, só a voz dela aparece. E que voz! Ao pensar em uma ativista, por jovem que seja, pensamos (pelo menos eu) em alguém de certo modo sisudo, grave, um político em corpo de menina. Algo assim. Mas Malala é bem diferente dessa imagem.
Ela escreve com uma simplicidade, uma inocência própria de adolescente, e ao mesmo tempo com um conhecimento de causa e um senso de responsabilidade maravilhosos. Ela fala do dia a dia no Paquistão, da vida durante o regime Talibã, das lutas diárias.
Antes do livro, do atentado, e da projeção, ela também colaborou com um blog da BBC. Era ainda uma criança! No livro ela conta um pouco sobre o blog também, mas se quiser ler o blog na íntegra, está neste link.
A dedicatória é simples e fantástica.
 
Foi muito tocante ler o livro de Malala. De certo modo, ao pensar "naquela área toda tomada pelo Talibã", associava com guerra, bombas, atentados, barbudos, mulheres de burca prisioneiras dentro de suas próprias casas, prédios destroçados, famílias vivendo em condições terríveis, etc. Tudo isso existe sim. Mas ao ler o livro fui conhecendo muitas outras coisas: a parte bonita do Paquistão e especialmente do vale do Swat, onde Malala descreve as paisagens, os passatempos das garotas, os passeios, a natureza. Fala de amizade, de conflitos normais de toda adolescente, de gostar de maquiagem e atores de Hollywood, enfim, coisas que eu e você passamos. E então me surpreendi percebendo como somos todos parecidos em nossos conflitos e alegrias humanos.
E depois me surpreendi por ter me surpreendido com isso, porque é lógico que somos todos humanos e temos conflitos e alegrias parecidos!
Assim, não que não saiba disso, mas levei como um choque ao ser inserida numa realidade mais pessoal.
Será que me expliquei?
 
Bom, fica a dica. O livro é ótimo, inspirador, conhecer mais sobre esta garota destemida é enriquecedor, e conhecer sobre os pormenores da vida no interior do Paquistão é muito esclarecedor.
E outra coisa: nos obriga a pensar. Nós (eu, você) somos privilegiados. Talvez não tenhamos muitos recursos, mas temos liberdade. Recebemos educação e temos a chance de escolher, ser cientistas, astronautas, jornalistas, apresentadoras de tv... sim, enfrentamos dificuldades, temos lutas, mas temos muitas ESCOLHAS. Que possamos valorizá-las e nos unir à luta para que outras as tenham também. Meninas, adolescents e mulheres.

2 comentários:

  1. Não é muito meu estilo de livro preferido, mas a história dessa guerreira sempre me chamou atenção. Toda vez que a vejo em seus discursos emocionantes penso que é um ser iluminado e inspirador.Reclamamos tanto da vida, sempre comparando a nossa com outras aparentemente melhores. Mas dificilmente olhamos para o jardim mais amarronzado, pensando em como nossa grama não está tão estragada assim.

    Mudando de assunto, como ri com seu comentário no meu blog! Poderia tranquilamente ser um post! Obrigada pelos seus comentários, vc sempre demonstra sua visão do que leu, isso é muito recompensador para quem escreve.

    feliz ano novo!

    http://umavidaemandamento.blogspot.com.br/

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    1. É verdade, Bruna. Sempre há alguma grama mais verde do que a nossa, mas também sempre haverá alguma mais seca do que a nossa. Empatia é poder se colocar no lugar daquele que olha para a nossa grama, que nós achamos pouco, e só vê riqueza porque a sua é pior do que a nossa.
      Acho que essas reflexões nos ajudam a permanecer "humanos".

      Que bom que gostou. Quando leio os blogs, tento imaginar e interagir, devolver algo ao escritor, porque sei o quanto é bom para o escritor ter essa interação. Claro, tem gente que escreve "para si". Eu também, mas em meus cadernos, que ninguém vê. Quando escrevo no blog, é para que alguém mais leia e interaja. Essa é a parte mais bacana!

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