novembro 30, 2016

Viajando de ônibus com crianças pequenas

Olá amigos!
Faz tempo que não apareço. Tenho andado meio sem inspiração para escrever, sem assunto e sem foco, mas de vez em quando surge uma ideia e gosto de vir compartilhar com vocês.

Hoje decidi aproveitar meu conhecimento de causa.
Tenho visto por aí várias mães que irão fazer viagens de ônibus com os bebês ou crianças pequenas e estão ansiosas/apreensivas. Como vai ser? Vai dar tudo certo? O que levar? O que não levar? Dúvidas, dúvidas...

Eu viajo com a Had de ônibus com certa regularidade desde... desde sempre!
Desde bebezinha.
Correção: desde a barriga. Mas essa parte nem conta, já que vai junto para onde a mamãe vai. Hehehe. Nessa fase não dá trabalho nenhum, a não ser na hora de usar o banheiro para os incontáveis xixizinhos de grávida.

Mas então. Depois que nasce, cada fase tem seu encanto, e seus desafios também.
Nosso trajeto é geralmente o mesmo: sair de Curitiba e ir para Florianópolis. Voltar pelo mesmo trajeto. Uma viagem de 5 horas de ônibus, em média. Quando é vêspera ou fim de feriado ou alta temporada (verão e início de outono, que em Floripa ainda costuma ser bastante quente), é de se esperar certo atraso na estrada, assim como também quando aconteceu algum acidente. Já fiquei até 8 horas na estrada neste mesmo trajeto, o que não é nem um pouco divertido. E não tem o que fazer! Um verdadeiro teste de paciência.

Mas então, vamos aos pontos:

* Horário de viajar
Quando é um bebê pequeno, o horário é meio que indiferente, porque as sonecas são muitas. Viajei com a Had com um mês e meio e depois com cinco meses, e foi super tranquilo. É só botar o peito pra fora e voilá, bebê sossegado, mamãe feliz.

(Aliás, até hoje a mais poderosa "arma" para a tranquilidade nas viagens é essa: peito. Resolve fome, sede, sono e até tédio se for o caso. Mas claro, isso é o nosso caso, em que aos quase 2 anos e 9 meses ela "ainda" mama).

Mas enfim, estava falando de horário para viajar.
Depois que passou a fase dos primeiros meses e o bebê já não dorme tanto durante o dia, começa a engatinhar, andar, e tem muita, muita energia, eu comecei a preferir o horário da noite para viajar.
Não tarde de noite, mas o entardecer e a parte do horário de dormir. Assim, ela fica acordada no início, come alguma coisa e depois mama e dorme até chegar.
Poucas vezes ficou acordada até a metade do caminho. Em geral, depois da primeira hora já vai se arrumando para dormir.
Fazendo assim, chegamos ao destino perto das 23 horas ou meia noite, o que dá uma bagunçada no sono porque ela acorda quando chegamos, mas nada muito grave. E assim, a viagem é tranquila.

Mamazinho salva
Das vezes que por um motivo ou outro tivemos que viajar durante o dia, foi um pouco mais complicado. Crianças pequenas não entendem e nem conseguem seguir o conceito de "ficar quieto". É contra sua natureza. Nessas ocasiões, ela queria ir ao chão, engatinhar, andar pelo corredor, etc. e ficava bem chateada de ter que ficar no colo. Diferente do avião em que precisando, dá para esticar as pernas no corredor quando tudo está tranquilo, no ônibus não é nem um pouco recomendado levantar da poltrona. Cada curva ou freada pode causar um tombo!
Mas enfim, não tem como esperar algo diferente de uma criança pequena! Por isso, a solução é mesmo evitar os horários durante o dia.

Também fomos certa vez em uma excursão ao Rio de Janeiro partindo de Curitiba. Viajamos a noite inteira e a manhã do dia seguinte. A Hadassa tinha acabado de completar um ano. A parte da noite dormiu super bem sobre mim, e foi muito tranquilo, mas depois que amanheceu... misericórdia. Foi longa e cansativa essa viagem!
 
 
Oi. Mamãe. Quero ir para o chão. Mamãe. Quero brincar. Mamãe.
 
* Brinquedinhos
Mesmo escolhendo o horário para viajar para aproveitar as horas de sono, é preciso estar prevenida. Mesmo sendo raro, já me aconteceu de ela não dormir nada durante a viagem! Para esses casos, é importante estar munida de brinquedinhos e atividades para manter mãozinhas e olhinhos entretidos.
Uma criança entediada é algo que ninguém quer encarar, especialmente dentro de um ônibus!

Para a fase de bebê, optava por bonecos fofinhos, fantoches, espelhos inquebráveis, etc.
Viajar de dia = criança acesa
Agora que ela está maiorzinha, carrego uma ou duas bonequinhas sem seus sapatinhos ou outros acessórios pequenos que possam se perder, livrinhos para leitura e algum livrinho para pintar também, junto com alguns lápis ou giz de cera.
Sobre este ponto, dou na mão dela só um lápis de cada vez. Mais do que isso, há grandes chances de que os derrube e fiquem rolando pelo chão do ônibus todo. Por isso, jamais dou a caixinha toda!

Gosto muito do material que tem neste link do Dating Divas. É só imprimir e pronto! Para as viagens, escolho algo que envolva pintar e não recortar, por razões óbvias (por exemplo este). Os de recortar ficam para fazer em casa. Vejam lá, tem ideias ótimas.

Sou terminantemente contra os kitzinhos de "desculpas pelo barulho" que muitas mães levam para dar aos outros passageiros que estão perto. Afinal, cada um tem seu nível de incomodação. Uma senhora ou um adolescente, por exemplo, podem ser igualmente irritantes com barulhos, sacolas, pancadas com sacolas indo e vindo, sem mencionar pessoas que falam ao celular dentro do espaço confinado do ônibus (aconteceu nesta última viagem, inclusive). Mas... por que motivo esse tipo de incomodação é socialmente aceito, mas o choro/movimento de um bebê que se sente desconfortável causa tantos olhares tortos? Acaso não fomos todos bebês/crianças um dia?

Mas enfim, mesmo sendo contra os kits, acredito na boa convivência por parte de todos, e de cada um fazer o seu melhor. Então, quando escolho os brinquedos para levar na viagem, escolho os que não sejam barulhentos e os que não tenham muitas peças que possam se desmontar e rolar por baixo dos bancos. Nada de instrumentos musicais, brinquedos de pilha e pecinhas soltas!
É interessante mostrar os brinquedos aos poucos, um primeiro, esperar brincar e dar outro só quando cansar. Se não, brinca com tudo de uma vez, cansa e logo está entediado.

* Lanchinhos
Estômago de crianças, sabemos, é pequeno. Então, sentir fome durante a viagem é algo bem normal. Para o sucesso da viagem, não queremos que a criança esteja com fome e consequentemente fique irritada. Lanchinhos são fundamentais, e nessa hora pecar pelo excesso é bem melhor do que pela falta, até porque, como já mencionei, é preciso levar em consideração os atrasos na estrada.
Como estamos em um ônibus, não existe a opção de parar em qualquer lugar e comprar algo.
Minha "despensa viajante" inclui em geral:
  • Biscoito "de sal", mas não muito salgado ou temperado, pois vai dar mais sede e consequentemente mais vontade de fazer xixi.
  • Biscoito doce "mas não muito", para evitar a agitação de um pico de açúcar, o que seria difícil de lidar no espaço confinado.
  • Algumas frutas fáceis de comer, como banana e maçã. Ou mesmo até um potinho com fruta cortadinha em pedaços pequeninos.
  • Uma garrafinha de água. Já levei um suquinho e ela adora, mas outra vez pela questão do açúcar, prefiro levar água mesmo.
  • Um agradinho: gosto de comprar uma bananinha passa coberta com chocolate que a Had adora, e não contém açúcar. Mas deixo reservada para um caso especial em que tenha que usar comida para distrai-la.
Bebê com sede não dá não!
No Brasil, os ônibus executivos em geral tem copinhos de água, mas pelo sim pelo não, prefiro sempre levar minha própria garrafinha. Não dá para confiar que vai ter e acabar ficando com sede se não tiver! Uma vez confiei que iria ter água porque comprei no executivo, mas na última hora tiveram que colocar um ônibus extra que não era executivo e passei a viagem toda com sede.
 
Um biscoito que a Had gosta muito é o de polvilho e às vezes levo, mesmo sabendo que faz barulho para comer e faz uma migalhada braba (pelo menos não é fedido). Salgadinhos não consumimos, e mesmo que gostássemos, não seria algo que escolheria porque além de espalhar o cheiro pelo ônibus todo, dá muita sede, o que se traduz em muitas idas ao banheiro.
Evito usar banheiro de ônibus a todo custo. Detesto!

Ah, importante! Assim como com os brinquedos, é bom não mostrar tudo que tem de uma vez, para deixar uma certa expectativa ao longo da viagem. Se não, o risco é de a criança querer provar um pouco de cada coisa e deixar tudo de lado logo.

* Roupas
Não importa que lá fora esteja fazendo 50 graus à sombra: grandes chances há de que o ar condicionado do ônibus esteja na faixa de 20 graus ou menos. Eu sempre levo na bolsa um casaco a mais para mim e para ela, meias (se estiver viajando de calçado sem meia) e de preferência um cobertorzinho leve, desses que ocupam pouco espaço ao dobrar. Se a viagem for à noite, este cuidado é muito importante porque quando dormimos sentimos mais frio. 
A menos que esteja escaldante lá fora, já embarcamos de calça comprida para evitar o frio nas pernas, que é tão desagradável.

Ter a mão sempre uma mudinha de roupa também é importante, para qualquer eventualidade. Escapes de fralda ou de desfralde, água ou suco derramados na camiseta tentando beber do copinho em movimento, etc, sempre podem ocorrer.
Quando ataca o sono, toda perna é travesseiro!

* Paradas
Nessa rota que nós fazemos, as paradas são geralmente só para embarque/desembarque. E também, em geral ela está dormindo. Mas quando está acordada nas paradas, sempre desço com ela para andar um pouco. Esticar as pernas, dar uma quebrada na viagem, é sempre válido. Se a viagem longa é chata para um adulto, quanto mais para uma criança pequena!


* Plano certo de chegada: carona, taxi, uber, etc.
Esta dica vale para toda viagem, mesmo desacompanhada e principalmente quando é um destino que não conhecemos, mas é fundamental quando estamos com bebês e crianças pequenas: saber o plano de chegada.
"Ah, quando chegar eu vejo". Não. Principalmente se chegar à noite, com criança dormindo.
Saiba de antemão quem vai buscar vocês e perto de onde estará esperando, caso a rodoviária seja muito grande. Marque um ponto de referência.
Se for pegar um taxi, verifique (na internet geralmente tem essa informação) onde fica o ponto dos taxis, a que distância do desembarque. Por precaução, procure de antemão um contato de radiotaxi da cidade.
Parece besteira, mas principalmente em terminais grandes e cheios, em épocas de férias, carregando criança, malas, etc., é importante andar o menos perdido possível. Aqui em Curitiba, já chegamos de viagem no retorno do feriadão e além da muvuca de pessoas chegando na rodoviária, a fila para pegar um taxi estava enorme! Mais de 20 minutos segurando mala, criança sonolenta, etc.
A chegada é sempre a melhor parte

* Documentos
Sempre leve eles a mão, pois é necessário apresentá-los no embarque, e quando estamos carregados de malas + crianças fica difícil de procurar qualquer coisa na bolsa. Deixe em algum bolsinho bem a mão a passagem e os documentos correspondentes.
Para viajar com crianças dentro do Brasil, é necessário apresentar a certidão de nascimento da criança, ou RG. Como eu viajo frequentemente, optei por tirar o RG da Had quando ela fez 1 aninho. Assim, não preciso carregar a certidão de nascimento, que é um documento frágil e amassável. A identidade é muito mais prática, cabe no bolso, não precisa dobrar e vai junto com a minha, então fica bem mais fácil.
 
Para viajar com crianças para fora do Brasil:
 
No Mercosul: acompanhadas de ambos pais, basta o RG de cada um. Cuidado: precisa estar em perfeito estado e ter menos de 10 anos de expedição. Isso vale para todos, não só para a criança.
O passaporte também serve, mas não é necessário. Só se você fizer questão de ganhar o carimbinho de imigração nele. :)
Dentro do Mercosul, mas viajando só com um dos pais, ou com uma terceira pessoa: é preciso preencher um formulário de autorização, assinar e reconhecer em cartório. Veja neste link.
 
Para viajar para fora do Mercosul: Necessário Passaporte de todos: adultos, crianças e bebês. Do mesmo modo, se estiver acompanhado somente de um dos genitores ou de um terceiro, precisa apresentar o formulário assinado e reconhecido. Se estiverem ambos pais, não precisa.
 
Lembrando que, a validade do passaporte depende da idade da criança: para bebês de até 1 ano, o passaporte só é válido por 1 ano. Para 1 a 2 anos, o passaporte vale 2 anos. E assim vai aumentando até os cinco anos. Depois disso, continua valendo 5 anos até os 18, quando passa a ser válido por 10 anos (veja neste link informações sobre passaportes brasileiros).
 
É isso aí!
Faça um checklist, siga com calma, viaje tranquila que tudo dá certo!
Beijos!